domingo, 9 de janeiro de 2011

A velocidade de corrida depende de duas variáveis, o comprimento e a freqüência da passada

A velocidade de corrida depende de duas variáveis, o comprimento e a freqüência da passada (Vaughan, 1984). Se comprimento da passada permanece constante, então à medida que o tempo da passada diminui, a velocidade da corrida aumenta. Se a freqüência da passada permanece constante, a velocidade de corrida aumenta à medida que o comprimento da passada aumenta. Dentro de certos limites, um determinado número de combinações entre freqüência e comprimento da passada produzirá a velocidade desejada. Por exemplo, um indivíduo correndo com uma velocidade de 8 m/s usará uma freqüência de passada de cerca de 1,75 Hz e um comprimento de passada de cerca de 4,6 metros.  A figura mostra que, em média, um corredor aumenta a velocidade na faixa entre 4 e 9 m/s, aumentando continuamente a freqüência da passada, conquanto mais lentamente (a inclinação não é tão acentuada) em velocidades menores, mas aumenta o comprimento da passada somente até em torno de 8m/s. Observe que a contribuição das mudanças no comprimento e na freqüência de passada para a velocidade da corrida é diferente para baixas e para altas velocidades; isso fica claro nas diferenças de inclinação de cada curva (comprimento e freqüência de passada) em velocidades diferentes (figura 1).

Em confronto com os dados mostrados na figura 1, a estratégia adotada por quatro corredores para aumentar sua velocidade na corrida é mostrada na figura 2. Os dados foram obtidos medindo-se o comprimento de passada a partir de marcas dos pés no solo, e a freqüência de passada a partir de um medidor do tempo de apoio (foot switch) que indica a fase de apoio. Consideramos os resultados obtidos pelo indivíduo (SU) cuja alteração na velocidade de 4,3 para 8.5 m/s parece ter sido obtida em duas etapas. As mudanças iniciais na velocidade (4.3 para 7.0 m/s) foram devidas ao aumento combinado do comprimento da passada (32, para 4,4 m) e da freqüência da passada (1,4 para 1,7 Hz); subseqüentemente o aumento da velocidade (7,0 para 8,5 m/s) foi obtido por uma leve diminuição no comprimento da passada (cerca de 20cm) e um aumento constante na freqüência da passada (1,7 para 2,0 Hz). Em geral os corredores bem treinados (indivíduos TU, SU e IW) aumentaram o comprimento da passada até além de 7,0 m/s, enquanto um corredor não treinado (MI) o fez somente até cerca de 5.5 m/s. Todos os quatro corredores, entretanto, conseguiram aumentos iniciais na velocidade (acima de 6.0 m.s para corredores treinados) principalmente pelo aumento no comprimento da passada. Claramente a combinação de comprimento da passada com a freqüência escolhida para obter a velocidade varia entre os corredores. Além disso, parece que as variáveis antropométricas (p. ex., a estatura, comprimento da perna, massa do segmento do membro) não são os determinantes primários da freqüência e do tamanho da passada preferidos (Cavanagh & Kram, 1989). A interpretação típica dada para a estratégia de se alterar o comprimento da passada em vez de se alterar a freqüência é que se exige menos energia para aumentar a passada, em limites razoáveis, do que para aumentar a freqüência da passada.

Fonte: Roger M. Enoka , Ph.D.
 Bases Neuromecânicas da Cinesiologia – Segunda Edição - 2000


Nenhum comentário:

Postar um comentário